de volta à escola
hoje começaram as aulas do segundo período.
já não foi o menino de cinco-anos-quase-seis, com o dentinho partido e a abanar desde o ano e meio, que fui levar à escola de manhã. nada disso! foi o rapaz de seis anos feitos, que tem agora um dente à homem (ainda muito fora do sítio e surpreendentemente grande) e que recebeu uma mega garagem da hot wheels pelo natal. é o mesmo rapaz que continua a demorar uma eternidade para tomar o pequeno-almoço e brinca mais do que se veste sozinho, mas isso agora não interessa nada.
o mesmo menino que esteve até ao último dia de férias com trabalhos de casa por fazer, porque é muito difícil – e demora muito tempo – e é muito chato – e eu não consigo – e ainda nem brinquei nada, foi o mesmo menino que no fim do dia, quando já estava livre as fichas de português despachou duas fichas de matemática do livro com um entusiasmo nunca visto.
este menino veio hoje almoçar em casa e vinha eufórico pois ficou a saber quais as letras e os números que vai aprender neste período e parece que são os mais fixes.
eu continuo a surpreender-me com a alegria que eu sinto quando o vou deixar e o vejo tão responsável a pousar a mochila e correr para brincar, ou quando o vou buscar ao fim do dia e o vejo correr para o portão com um sorriso nos lábios. é possível que transpareça para fora o meu ar babado e espero não parecer muito totó. acredito de deve ser um mal comum aos pais de todos os meninos e que se mantém todos os anos.
este momento mágico daqueles em câmara lenta que parece saído de filmes e até tem musiquinha de fundo, desfaz-se em três tempos quando lhe pergunto se tem trabalhos de casa e a resposta é sim. nessa altura começa o lamento: e vai ser muito – e é muito difícil – e demora muito tempo – e é muito chato – e eu não consigo – e ainda nem brinquei nada.
e a nossa noite está feita.