andava a adiar o regresso. tenho a mania dos números redondos e das datas especiais para iniciar coisas e assim a coisa foi-se arrastando. quatro anos sem escrever é muito tempo e eu fui sempre achando que nada era relevante o suficiente para retomar. uma estupidez, porque nada do que aqui se escreve tem como objetivo ser relevante, mas enfim.
faz de conta que o blog não esteve morto estes anos todos e siga para bingo. volto agora para fazer um pouco de serviço público e avisar as pessoas que ainda não têm filhos para não se meterem nisto. especialmente os que têm problemas cardíacos. adotem antes um gato.
sucede então, que o nosso mais novo, agora com 4 anos e meio, eleva a fasquia de puto reguila até ao nível estratosférico. um destes dias saiu da mesa antes de comer a sopa. o irmão estava no quarto a preparar a mochila e ele lembrou-se de o ir visitar. fomos pouco depois buscá-lo para terminar a sopa e não demos com o puto. procurámos nos sítios mais óbvios e fomos procurando nos sítios mais estranhos, procurámos nos sítios impossíveis até nos vermos numa busca desesperada pelo miúdo. de certeza que o miúdo não tinha saído de casa. não se ouviram portas, não houve barulho nenhum. mas esta certeza foi quebrada por uma pontinha de dúvida. e depois pela dúvida esmagadora. e se saiu? se foi para a rua e
alguém pegou nele? todas as histórias de notícias de desaparecimentos, todas as ideias assustadoras de filmes passam agora na nossa cabeça, enquanto reviramos tudo em casa e procuramos na rua. se ele se escondeu em casa como é que não responde, não faz um barulho, nem um risinho para o denunciar? à medida que o tempo passa o desespero é cada vez maior e a ele junta-se o pânico dos irmãos. foram uns 25 minutos na maior das aflições, até voltar a ver todos os buracos de casa e finalmente encontrar o macaquinho num buraquinho debaixo da cama (onde até já se tinha procurado). ele sorri e sai com um ar tranquilo que só desaparece quando nos vê todos lavados em lágrimas.
isto é aquilo a que se chama um serão bem animado.
como se não bastasse, mais animado ainda foi quando no meio da confusão, enquanto se procurava o rapaz na garagem caíram algumas caixas, uma delas com bolas de golfe. ao tirar e voltar a entrar com o carro na garagem, a roda do carro conseguiu pisar uma das bolas de golfe, fazê-la ressaltar num estrondo, entrar no buraco mais pequenino da base do carro e ficar a chocalhar lá dentro.
a assim depois de toda esta confusão, ainda tivemos que levar o carro ao mecânico, levantá-lo no ar com um elevador e desmontar a parte de baixo para tirar a filha da mãe da bola que rolava dentro do carro nas subidas e nas curvas a lembrar-me o quanto as crianças são divertidas.